quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Bolha

Quando criança ganhei um solta - bolha, sempre que podia, colocava aguá e sabão e ia soltá - las. Era algo livre, como se aquelas bolhas fossem buscar a sua felicidade onde queriam, eu geralmente tentava acompanhá - las só que eram tentativas frustradas, pois elas sempre iriam mais longe que eu pudesse imaginar e se perdia na imensidão do céu. Fui crescendo, e deixei de lado aquele brinquedo, mão só aquele mais todos que me faziam companhia na época de muleke. Meu ideal não era mais juntar cartinhas, quebrar brinquedos, sofri uma mutação e nem eu tinha reparado, o mundo não era o mesmo, o ciclo de amizades, os amores. Eu estava exposto ao mundo, e sem medo, talvez com uma certa infantilidade eu mergulhei, subi no penhasco mais alto, abri os braços sem receio algum e me deixei levar pelo prazer da minha pele, eu estava disposto a experimentar todos os pecados que me convém, e foi assim que eu comecei mais mais uma etapa da minha vida, me deixei levar por pessoas que eu não julgo como más nem boas, nem influências, mais estavam ali comigo, dando as mesmos passos incertos que eu. Eu não conseguia me apoiar á nada, meu coração que já sofrerá decepções hoje estava fechado a qualquer sentimento, eu só precisava estar favorecido no mais não importava com nada, nem mesmo se aqueles momentos intensos pudessem me levar á algum lugar, eu só queria viver. Tive experiências ótimas, outras nem tanto, pude conviver com pessoas que queriam meu bem e outras que só queriam aproveitar de um rosto novo. Vivi, até o dia que fui descoberto, até o dia que repararam que o menino tinha crescido, que o verdadeiro Richard foi exposto, fui privado de ter uma vida " SOCIAL " e resolvi me colocar em uma bolha, foi necessário muita água, meu choro foi o suficiente, lágrimas e sabão, me coloquei dentro dela, foi algo doido, tive que ser firme para não desmoronar, para não morrer com uma dor que vinha do peito, até a alma. Não estava sofrendo por causa da saudade da vida que estava levando, sofria por fazer as pessoas que eu amo sofrer também, tendo a certeza que a minha mudança seria insiginificativa, e o que era meu era meu, minha comigo desde os tempos que eu tentava acompanhar a bolha. Bolha essa que hoje é meu lar, para me achar, para podre  assumir para eu mesmo quem sou.
                                                          Richard Lins.

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